Blog do KinG: Tic Tac.

Tic Tac.

Os minutos passam cada vez mais lentos.
Maltratando, martelando, perfurando onde há pouco havia sagacidade.
O ponteiro do relógio zomba alegremente da situação, num compasso síncrono e perverso.

Tic-Tac. Tic-Tac.

Segundos parecem horas.
Minutos parecem dias.
Horas parecem meses.

Porém, Cronos é impiedoso. Saboreia cada momento de angústia, aflição, confusão.
A cada conferida no objeto de pulso, você vê que o tempo não passa, a noite não acaba, a escuridão não tem fim, nada se faz presente...
Só o barulho do seu amigo indesejado ecoando pela sala. 


Tic-Tac. Tic-Tac. 

Um calafrio passa por seus pés e vai até os pelos da nuca. Você fecha os olhos pra que sua visão não te engane. O problema é que você fez isso muito lentamente. (Lembras que segundos equivalem a horas?)
No último instante você viu algo que não gostaria. Que não podia ser real.
Agora você sabe!! Não estás mais sozinho. 

Tic-Tac. Tic-Tac. 

O coração acelera, pesa, o frio toma conta de todo o corpo, ouves coisas antes inaudíveis... Sussurros? Vozes? Palavras? MENSAGENS!
Você tem medo. Muito medo! Não sabes o que elas podem trazer. Não sabes se conseguirás assimilar a forma como recebeste a mensagem. Não sabes o conteúdo da mensagem.
Você começa a tremer. 

Tic-Tac. Tic-Tac. 

Você torce, reza, ora, chora, pede, se encolhe...
"Abra os olhos!"
Você já não consegue pensar direito. Coisas da sua cabeça? Sua mente te prega peças? Por que agora? Por que aqui?
"Estás com frio? Não fique!"
Não. Incrivelmente você não está com frio. Está com medo. Muito! Mas não frio. 

Tic-Tac. Tic-Tac. 

Começas a ganhar confiança. Já controlas a respiração, consegues sentir as pernas, mas ainda não consegues abrir os olhos.
"Temos pouco tempo. Confie!! Confie!! Acredite!!"
Sua pulsação te sufoca, ouves teu coração saltando, começa a faltar oxigênio. Mesmo de olhos fechados, sentes o mundo girar. Tontura. A fraqueza vai te consumindo. Percebes que não irás aguentar por muito mais tempo. 

Tic-Tac. Tic-Tac. 

Uma descarga de adrenalina imensa faz você saltar.
Abres os olhos. Gritas. Choras.
"O que aconteceu?", "O que foi isso?", pergunta-se repetidas vezes.
Procuras desesperadamente por algo que te ligue a realidade, que te faça crer que isso tudo foi real. Que isso tudo é real.

E, numa confusão maior ainda, você só consegue distinguir o som do seu colega pontual... 

Tic-Tac. Tic-Tac. Tic-Tac...

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