Era um domingo ensolarado, pacato, aconchegante, harmonioso... Típico de infância.
Vizinhos se reuniam no corredor do prédio para assistir a uma bela partida de futebol entre
Flamengo x Vasco.
O Vasco tinha a vantagem por ter feito a melhor campanha no início do campeonato e venceu a primeira partida por 2x1. Com isso, obrigava o Flamengo a vencer por dois ou mais gols de diferença.
Recebia insultos, provocações, xingamentos de vascaínos contentes. Vibramos com dois gols rubro-negros e lamentamos um a favor dos cruz-maltinos. Éramos 3 torcedores contra 6.
Cada lance era um motivo pra roer unhas e arrancar cabelos.
Os minutos iam passando. 10, 15, 25, 39...
Nada de um gol salvador.
Edílson, o capetinha, já havia feito os dois a nosso favor, mas não conseguia produzir mais nada diante da ótima defesa do adversário.
O mesmo Edílson recebe a bola aos 41 minutos, mas em poucos segundos, já estava cercado por três marcadores. Um deles puxa a sua camisa, então árbitro marca a infração.
Então
ele pega a bola. Conversa carinhosamente com a redonda, põe na marca determinada pelo juiz, dá alguns passa para trás e...
(
Pausa dramática.)
Nesse momento não havia mais unhas para roer, cabelos para arrancar, palavras a proclamar, era apenas expectativa, apreensão e
ESPERANÇA.
Adversários ironizam: "
Ele vai chutar na barreira!! Ah!, tira a barreira, deixa só o Hélton no gol!! Compra uma bola pra ele ficar treinando em casa!"
Enquanto esperávamos num nervosismo frenético.
O sérvio olha pra barreira, observa o goleiro e parte! [...]
GOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!!
Escadas? Vizinhos? Condomínio?
Existia vida fora do nosso planeta? É possível atingir o zero absoluto? De onde viemos? Para onde vamos?
Nada mais importava. NADA!
Escadas pareciam rampas, saltávamos de 6 em 6 degraus. Nossas gargantas trabalhavam a todo vapor. Gritos, vibrações, comemorações eram as únicas ações de crianças em sua primeira grande vitória.
Todos do condomínio viam um grupo de fanáticos sorrindo, esbravejando e comemorando o que seria um dos títulos mais importantes que ajudamos a conquistar.
SIM, NÓS AJUDAMOS.
Com horas à frente de uma tela, com nosso suor, nossas lágrimas, nossa energia, nosso pensamento. Sim, nós também ajudamos a conquistar essa vitória. Cada um que levantou a mão naquele momento, que pensou positivamente, que imaginou aquela bola entrando apenas naquele espaço ínfimo entre a mão do goleiro e as duas traves formando um ângulo de 90 graus.
Agora só me resta uma singela frase a esse gênio chamado
Dejan Petkovic.
MUITO OBRIGADO, PET.
♫ Uma vez Flamengo...
SEMPRE Flamengo. ♪