Blog do KinG: junho 2015

Não dá mais...

Não dá mais...

Não dá mais para ter o que não se pode ver.

Não dá mais para esperar pelo o que não vai chegar.

Não dá mais para materializar o que não se pode sonhar.

Os dias passam como o gotejar de um óleo negro espesso que demora meses para uma única gota se desprender do seu escape. As vozes não passam de um sussurro manifestado pela tempestade que se prepara para devastar o que for possível lamber com seus incontroláveis ventos. A luz parece não possuir força suficiente para transpassar os gases da atmosfera e chegar ao solo levando calor aos que tanto aguardam.

A vida já não é como definiam os sábios.

Energia, movimento, matéria. Apenas estática.



Um vácuo completa o paradoxal pensamento de que o tudo está cheio de nada. Antíteses se misturam aos pensamentos concretos. Uma confusão de ideias faz com que a máquina já não produza discernimento.

Se a inércia se mostra contrária à lógica, não se oponha aos devaneios. Aplique-se no que pode metamorfosear.

Mesmo que os ciclos resistam à ideia do inevitável, não enumere o infinito. Os deuses que estão aprisionados em sua umbra se incubem disso.

Palavras são ventos. Ventos fortes. Ventos incontroláveis que devastarão tudo que conseguir lamber com sua peçonha.

Sentimento de resignação não deveria te acompanhar. Não deverias parar de lutar. Não deixem te amordaçar. Grite. Se liberte. Se proteja do vento. A tempestade ainda não passou.

Quando passará? Não saberás. Quem detém essa informação é egoísta o suficiente para ancorá-la no inalcançável.

Do pó viestes. Ao pó voltarás? Muito provavelmente. Mas não agora. Agora é tempo de refugiar-se no bunker que você mesmo projetou para nunca utilizá-lo.

Um abismo cíclico te atrai como a gravidade prende os mundanos ao chão. Esse peso no peito não é a lei da gravitação universal. É simplesmente o receio do desconhecido. Não temas. A tempestade ainda não começou.

Como seguir? Prosseguir? Não saiba. Só siga. Mesmo que te digam que não dá mais.