Blog do KinG: dezembro 2016

O capítulo 1

Bom, senhoras e senhores, como dito no post anterior, vamos tentar fazer esse espaço virar um "livro virtual".

Um livro tem por características básicas falar de um mesmo assunto/história e separados por capítulos para um melhor entendimento.

Sei que alguns de vocês não estará dentro do que considero ser o público alvo para qual escrevo. Sendo assim, inicio pedindo desculpas. Porém entendam que a culpa não é minha. O público que não está adequado à linguagem.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer (sem usar aquela frase formal) que todos os personagens são fictícios e todas as pessoas, lugares e momentos são de criação única e exclusiva minha.

"A vida imita a arte" ou "A arte imita a vida"? 

Vi a data da criação do primeiro capítulo e me surpreendi: 7 de julho de 2014. Pode parecer coincidência, mas não acredito mais no acaso.

Sete do sete de dois mil e catorze, que por sua vez é duas vezes sete.

A data por si já fala demais. Minha afinidade com o Se7e já foi explanado em outras oportunidades. Caso tenha alguma curiosidade, me procura. Agora vamos falar do que temos pra falar.

Lembro-me que acordei com calor, ainda escuro e com uma ideia na cabeça.

Liguei rapidamente o computador, abri o Word e começou a digitar o que vocês lerão a partir de agora.

Boa sorte e espero que gostem.

O relógio de pulso falsificado que tanto gosta marca 12:06h. Observa que a pulseira preta está descascando um pouco na parte de baixo. Nada muito sério. Já o display branco com detalhes em vermelho permanece em ótimo estado. Lembra-se bem do dia que o comprou. Custou R$45,00 e pediu ajuda de Jocasta para a escolha.

Volta a olhar pra rua e imagina se o ônibus irá demorar muito mais. Gostaria de chegar cedo para olhar sua rede social favorita. Estava ansioso pelo final de semana que está por vir. A festa que todos falam é amanhã.

Após três minutos, a linha 506 se aproxima. Ele faz sinal, entra no ônibus, paga sua passagem e agradece por não estar lotado. Acomoda-se, verifica mais uma vez a hora e imagina se o dia será proveitoso. As finanças não andavam bem.

Cayo era um rapaz de feições brandas, simpático e bem comunicativo. Sempre de bom humor, conquistava com facilidade a atenção dos que estavam ao seu redor. Possuía 1,79 m de altura e 81 kg bem distribuídos. Nem gordo, nem magro - ao menos era assim que se via. Um cabelo loiro, curto e olhos castanhos claros davam aspecto de ter menos anos do que realmente tinha. Sua pele branca mostrava com frequência bochechas ficando rubras. Afinal, era tímido para algumas coisas.

Contraditoriamente, Cayo se sentia pouco a vontade quando o assunto era uma possível candidata à paixão. Tinha perdido a quantidade de vezes que precisou explicar para seus amigos que, mesmo com todo o seu jeito brincalhão e extrovertido, tinha dificuldades em conquistar alguém. Eles sempre riam dizendo que aquilo era desculpa esfarrapada para não tentar nada com a menina mais bonita da rua, do bairro ou da escola e o chamavam de fast. Uma ironia de como era lento para esse tipo de coisa.

Havia criado uma autodefesa durante a adolescência depois que flagrou seu melhor amigo enamorando-se com a menina que sempre desejou.

Fábio era como um irmão para Cayo. Estudavam juntos, dormiam juntos, brincavam juntos, aprendiam juntos. Mesmo sete anos depois, ainda magoava lembrar aquela festa de aniversário que tinha feito para seu quase irmão. Ver ela nos braços de Fábio sem ninguém saber que ali estava a garota com que sonhou durante todo o ensino fundamental foi uma das decepções amorosas mais marcantes. E dolorosas.

Durante o trajeto para o trabalho, Cayo vai recordando a fatídica noite e não mais presta atenção no caminho.

Recorda como foi comprar o presente, encher os balões, alugar os freezers, estocar a comida, limpar e arrumar o salão, convidar os amigos. Ele não tinha pretensão alguma de naquela noite se declarar, mas nunca teria imaginado que sua amada tinha um presente surpresa para Fábio. Seu amigo gostou, e muito. Porém Cayo lembrava-se apenas de Tróia e seu cavalo. Foi recobrando como aquele presente foi tão saudável para um e tão doloroso para outro. Um autêntico presente de grego. Riu ao imaginar o cavalo de Tróia pegando fogo no meio da festa e os convidados saindo correndo dali como formigas de um formigueiro.

Saindo de seus devaneios, verifica que está próximo de saltar do coletivo. Pega sua mochila, a põe nas costas e se prepara para descer.

O relógio informa que faltam 29 minutos para iniciar mais um dia de trabalho. Tempo suficiente para ver quem tinha falado com ele e checar o que de interessante tinha acontecido em sua ausência. Se assim houvesse.

O ônibus para.

Saúda o motorista sorrindo, verifica se a carteira está em seu bolso e entra no mar de gente que circula torrencialmente durante o meio-dia pelo centro da cidade.

Fumaça, cheiros, vozes, esbarrões parecem acometer Cayo nos segundos seguintes ao pôr o pé no chão.

Sempre pedindo “Com licença!” e um eventual “Desculpe-me!”, vai subindo a galeria para chegar à loja de eletrodomésticos que trabalha.

Após quatro minutos de disputa por cada centímetro quadrado de chão, Cayo chega e saúda todos ali presentes. Dá um abraço caloroso em Jocasta e a lembra que no intervalo quer combinar algo relacionado à festa de amanhã. Ela confirma animada enquanto ele sobe as escadas para trocar de roupa e registrar o ponto.

Como era de costume, a primeira coisa que Cayo faz ao entrar na sala é travar a porta e ligar o computador. Mesmo com toda rigorosidade, ele sempre conseguia uma forma de acessar as redes sociais do desktop da empresa.

Altera o IP, abre o browser, edita algumas configurações de proxy e voilà: a página da rede social demora um pouco, mas é carregada.

Enquanto troca a roupa, vai colocando seu usuário e senha.

Ao colocar a camisa, sua cabeça fica presa na gola no momento que a página inicial mostra que há quatro mensagens não lidas.

Endireita-se, ajeita os borrões da farda, senta na cadeira, pega o mouse e avalia as quatro rapidamente.

Uma era de Fábio dizendo que passará na sua casa para irem juntos à festa, outra de uma amiga que apenas respondeu a despedida da conversa matinal, uma de um colega mostrando um vídeo supostamente engraçado - ele ria de quase todos, porém quase todos eram velhos para Cayo - e a mensagem mais recente. Essa chamou sua atenção.

Um perfil desconhecido tinha deixado um recado bem simples, mas curioso: “ola Caio podemos nos conhece?”.

Cayo odiou aquela mensagem.

Havia tantos erros ortográficos numa só frase que a primeira coisa que pensou foi na MID.

Durante o ensino médio, Cayo tentou convencer professores, alunos e docentes que a internet viria para acabar com tudo. Não só com a língua, mas com a cultura, os relacionamentos e a sociedade. A evolução humana estagnaria aí.

Inicialmente, por sua maneira radical de ver as coisas, foi completamente rejeitado. Porém, com o avançar dos anos e a propagação da grande rede por todos os lugares do planeta, a teoria que a tecnologia viria para atrapalhar mais do que ajudar foi impulsionada pelas pessoas não instruídas acessando as redes socais. Então Cayo criou um bordão que foi um marco na sua escola de conhecimento científico: Maldita Inclusão Digital.

Mais uma vez a MID chegava para atrapalhar.

Normalmente Cayo apenas ignoraria a mensagem, sairia da sua conta, marcaria o ponto de entrada e iria trabalhar. Entretanto, algo chamou sua atenção.

Um pequeno quadrado verde no canto superior direito da foto do perfil indicava que aquela pessoa estava online. Verificou o horário que a mensagem havia sido enviada e notou que faziam apenas seis minutos.

Refletiu alguns segundos, olhou o nome e a foto do perfil e fez algo que iria mudar completamente a sua vida.

“Oi, Phernandda.” – digitou sarcasticamente Cayo – “Podemos sim. Por que não?!”.

Fernanda Carla possuía apenas uma foto acessível para não amigos em sua página da rede social. Uma imagem de um cabelo longo ondulado de um belo tom dourado que pela qualidade da foto e ângulo, sugeria que era dela mesma.

Cayo sempre errava o nome da pessoa de propósito quando erravam o seu. Era uma maneira de fixar sua personalidade, destacar seu Y, prolongar a conversa e discursar sobre a única coisa que não poderiam tirar dele. Sempre dizia: “- O seu nome é tudo. Podem tentar te derrubar, te denegrir e te humilhar. Muitos vão conseguir, mas se isso manchar seu nome, você precisará se erguer, se enaltecer e ser humilde. Podem te tirar tudo, mas nunca tirarão seu nome.”.

Olhou mais uma vez para como “Phernandda” tinha ficado estranho e riu sozinho.

Alguns segundos depois, a rede social mostra que a pessoa do outro lado começa digitar algo. Ele aguarda a resposta e vê que aquilo ali, como geralmente acontecia, não iria levar a lugar algum.

Duas interrogações aparecem na tela de Cayo: “??”.

Após outros segundos surge: – “Vc ta onde pode vim aq?“.

“Estou aqui.” – Responde um Cayo sempre brincalhão. – “Posso ir aí sim. Diga a hora.”.

Ele já havia dito isso várias vezes pra várias pessoas diferentes e tudo nunca passou de blefe. Cayo sabia que mesmo que tudo convergisse à favor, ele nunca iria conseguir se encontrar com alguém desconhecido sem antes passar horas, dias, semanas se conhecendo melhor.

Depois de longos três minutos sem resposta, ele resolve ir trabalhar. Afinal, eram 12:52h.

Quando está movendo o mouse para desconectar-se da rede, aparece que Fernanda está digitando alguma coisa.

A curiosidade foi inevitável.

Demora mais tempo do que gostaria, mas a mensagem era divertida e inusitada.

Cayo. Desculpa em dobro primeiro por ter errado o seu nome e segundo por esta te incomodando. Meu nome e Fernanda e moro na aldeota. Ja ouvi falar muito de voce na verdade estava conversando sobre voce ainda agora. Fui toma banho e deixei minha vizinha no computador quando vejo que ela foi falar com voce. Ela e uma pirralha muito inxirida e fica falando coisas com os outros sem nem conhece. Ainda bem que cheguei antes de voce pensa q sou tarada. Da outra vez foi quase caso de policia. rs Desculpa de novo. Bjos.”.

Confuso, Cayo aguarda.

Cayo desprezou os erros básicos de português, deu algumas gargalhadas e desistiu do seu logout.

Aproveitou os poucos minutos que faltavam para começar sua jornada e digitou rapidamente.

“Tudo bem, Fernanda. Também peço desculpas pelo seu nome exótico. Não que tenha ficado feio, mas Fernanda é muito mais bonito. :P” – Cayo sempre colocava um emoticon para deixar o papo mais simpático. Ele também se comunicava bem na internet. – “Ah! Que legal. Quer dizer que você é minha vizinha? Também moro na aldeota. Mas me fala uma coisa. Estava falando o que de mim? Espero que coisa boa.”.

Enviou e aguardou a resposta.

Como Fernanda estava demorando, ele continuou.

“Diga isso da sua vizinha não. A coitada tem nem culpa de você ter deixado o sociwork aberto. rsrs” – Cayo quis perguntar como foi o caso que precisou envolver a força policial, mas ficou quieto. Isso seria um assunto futuro.

O sociwork era a maior rede social do mundo. Milhões de pessoas interagindo 24 horas por dia. Possuía fotos, vídeos, chats, portais, notícias, conferências. Sua chegada veio pra revolucionar a maneira como a sociedade interagiria. Pessoas passavam muito mais tempo em frente aos computadores e celulares do que dormindo ou com a família.

A proporção que o sociwork tomou passou ser uma contradição ao seu nome. A palavra sociwork provinha de social network, rede social em inglês. Porém, as pessoas passavam a se socializar cada vez menos. Jovens saíam em grupos, mas não largavam seus aparelhos móveis com acesso à internet. Era comum encontrar rodas de amigos em shoppings, praças, escolas, todos calados e digitando freneticamente naqueles pequenos quadrados com visor de LCD. Namorados nem de mãos dadas andavam mais, apenas seguravam seus equipamentos e achavam que estavam interagindo adequadamente com a sociedade moderna.

A opinião de Cayo ficava cada vez mais irredutível: a MID veio destruir a essência da comunicação.

Entretanto ele não era hipócrita ao afirmar que a internet só trouxe malefícios. Apesar da cultura e costumes irem morrendo gradativamente, conseguia ver que manter contato com amigos e conhecer novas pessoas estava mais fácil. Até paquerar se tornou menos difícil pra ele. O problema é que ele descobria da pior maneira possível que num encontro não há nenhuma tela separando duas pessoas.

“Obrigado Cayo. Nao sabia direito o q era Phernandda na hora mais depois eu ri muito.” – Responde Fernanda. – “Eu sei q voce tambem mora aqui. Minha amiga so fala de voce. O tempo todo. E ate chato. rsrs”.

Cayo quer saber quem tanto fala dele para Fernanda, mas já está na hora de trabalhar. Mesmo com uma vontade imensa de ficar e matar a curiosidade, diz que depois entra em contato. Primeiro o dever, depois o lazer, brinca ele. Pega o número de telefone dela, informa que às 17h estará de volta e que ela não vai esconder nada na próxima conversa.

Despedem-se, ele reconfigura o computador, registra o ponto eletrônico e desce pra mais um dia de trabalho.

Enquanto conta os degraus, Cayo pensa no seu último relacionamento e como a ferida ainda estava exposta. Acredita que o tempo de cicatrizar está chegando.

Um sorriso bobo salta de seus lábios. Algo singelo e simples.

Encontra Jocasta ao pé do último degrau.

- Mas vejam só quem está apaixonado. – Brinca ela com um risinho amigável. – Nem me contou nada, mocinho.

- Que apaixonado o quê, Jó?! – Sobe um rubor às bochechas de Cayo e ele abaixa a cabeça. – Nada a ver. Só acho que chegou a hora de voltar a sorrir.

- Você está quase correto, Cá. – Jocasta põe as mãos nos ombros dele olhando carinhosamente em seus olhos. - Seu erro foi achar que existe um momento de parar.

E aqui acaba o capítulo 1.

O que acharam? Simples, né?! Vai ficar melhor. Garanto.

Notaram que não tem título? Vocês verão porquê em breve.

Aguardem.

Estamos de volta


Depois de quase 2 anos pretendo reabrir o Blog do King. (Por enquanto sem domínio próprio e respondendo pela hospedagem http://blogdokingchampion.blogspot.com.br/)

A ideia era postar meus mega textos através das minhas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram, como habitualmente já faço. Mas achei melhor trazer pro blog por aqui ter mais cara de "livro virtual" do que de rede social.

Aqui também me sinto bem mais a vontade para escrever o quê, quando, quanto e da maneira que quiser. Aqui é meu espaço. Posso até convidar você para cá, mas permanece quem quer. Sendo assim, vamos lá.

Sabe quando você passa alguns dias fora de casa? Aquela viagem inesperada a trabalho ou uma doença, por exemplo? Quando você volta encontra, por mais que ninguém estivesse revirando tudo, a casa toda bagunçada. Aqui não será diferente.

Encontraremos links quebrados, perfis desatualizados, vídeos expirados, palavras mortas, posts nostálgicos e emoção genuína.

Não vou cobrar nenhuma atenção ou feedback. Entretanto, é de suma importância toda opinião, comentário, crítica, elogio, reza, comercialização, riso, choro, qualquer emoção, que você possa me trazer.

Reli o que foi escrito por mim há 6 anos e compactuo com a mesma regra de nunca copiar e colar o que temos por aí. Gosto de escrever, e assim farei. Até peço desculpas caso encontre algum erro gramatical, ortográfico ou de sintaxe. Por mais que tente, ou que o corretor ajude, não sou perfeito.

(http://blogdokingchampion.blogspot.com.br/2010/06/sejam-muito-bem-vindos-ao-meu-blog-sim.html)

Pensei em colocar aqui meus posts "diários" que fala sobre meus filhos, sobre mim, sobre a vida. Afinal, esse não é o conceito de Blog?!

Porém, devido alguns elogios (que tento não deixar subir à cabeça) tenho trabalhado há algum tempo em um, digamos que, livro. Sendo assim, chegou a hora de pôr esse projeto em prática.

Os posts podem ser diários, semanais, quinzenais, mensais, bimestrais, anuais... (vocês entenderam)

A frequência de posts vai depender da minha vontade de escrever, que nunca é pouca, e mais ainda da minha inspiração. Essa sim é uma incógnita. Apesar que sei como estimulá-la.

Mesmo postando coisas cotidianas, vou criar uma tag para o livro. Assim será muito mais fácil identificar os capítulos em sua linearidade.

Bom, como estamos voltando aos poucos, sejam (novamente) muito bem-vindos, sintam-se em casa e não repara a bagunça.



Na verdade, até reparem, mas não perguntem que vassoura de cabeça pra baixo é essa atrás da porta. Falam que é pro povo não ir embora. Eu acho.